quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Consciência Negra!

Vamos lá!
Meu nome é Nilsen Nunes de Lima, tenho 34 anos. Casada e mãe de dois príncipes. Professora desde 2000 e Pedagoga há quase 12 anos! A escolha da minha profissão foi devido ao preconceito racial que sofri na infância. Como estamos na Semana da Consciência Negra, torna-se mais importante ainda, abordar a temática da discriminação racial. Já ouvi tantas vezes que isso não existe ou que é vitimismo. Então, eu te pergunto? Você já foi vítima de algum tipo de discriminação racial? Se a sua resposta for sim, não preciso te dar maiores explicações. Se a sua resposta for não, vou descrever aqui, diversas situações preconceituosas ocorridas cotidianamente com os negros! Sim!!! Porque, a discriminação racial aqui no nosso país, acontece de verdade com as pessoas dessa etnia. Como afirmei acima,escolhi ser Professora, simplesmente,para realizar um anseio, um desejo, um sonho...  Sonho de criança!! Sabe aquele sonho que quando somos crianças, falamos o tempo todo para as pessoas, que quando crescermos, iremos realizar?? Pois é! Nas diversas situações em que na escola, meus colegas se afastavam de mim ou evitavam brincar comigo, porque a cor da minha pele os incomodavam, eu esperava que a minha professora, me defendesse daquilo tudo. Contudo, ocorria o oposto! Na época, meados da década de 90, era transmitido em um canal da TV, uma novela famosa, em que um aluno negro e pobre, era apaixonado por uma menina loira e rica. Esse garoto fazia de tudo para agradá- lá, porém ela o rejeitava e o discriminava duramente. Ao assistir as cenas da novela, eu me identificava e chorava escondida dos meus pais. Acredito que hoje, em pleno século XXI, muitas crianças ainda choram por causa desse tal preconceito! Mas, na novela,algo incrível acontecia. A professora Helena, ia em defesa do aluno negro e dessa forma, ele se sentia acolhido! Meu desejo era que a minha professora, fizesse o mesmo. Todavia, ela conseguia ser mais cruel do que as crianças! Além de me discriminar, chegou a dizer por diversas vezes que eu não tinha a mesma capacidade que os outros alunos. Certa vez, propôs para a turma, a apresentação de uma história da Borboleta azul. Rapidamente,por gostar muito de ler e de representar, levantei meu dedo e disse que gostaria de ser a borboleta! Eu estava tão feliz..... No mesmo instante, a professora me disse:" borboleta? Você não ver que é da cor da lagarta e feia como ela? Se quiser participar, você será a lagarta preta!" Nesse momento, ao me lembrar disso,preciso respirar fundo.... Assim como agora, respirei, suspirei, engoli o choro e disse à ela, que meus pais me ensinaram que existia um segredo para nós, negros. O segredo era sonhar e estudar! Assim eu fiz! Coloquei aquele preconceito no chinelo e fui atrás do meu sonho. Lembra daquele sonho de infância?? Esse mesmo! Aos 14 anos, entrei no magistério e aos 17, me formei professora. Comecei a dar aula e plantar a semente da justiça e da igualdade! Aos 18 iniciei a Faculdade de Pedagogia e aos 22, meus pais estavam na platéia me aplaudindo! Mas os aplausos, na verdade, não foram para mim, mas foram para eles! Pais que me motivaram a vencer e nunca deixaram de acreditar no meu potencial! Isso foi tudo! É tudo! E continua sendo tudo! A família desempenha um papel importantíssimo, na luta conta o preconceito. Luta, essa que nós negros, continuaremos vencendo, pouco a pouco. Mas com uma garra de gigante! Diga, não ao preconceito! Respeite as diferenças! E viva a diversidade!!

Vidas negras importam.

Este blog teria o intuito de ser somente voltado para a arte, mas depois de tanto tempo calada perante aos acontecimentos em nosso país e...